A Liturgia nos convida neste 4º domingo do Tempo Pascal a rezarmos pelas vocações religiosas e sacerdotais. A Igreja usa deste domingo dedicado todos os anos à reflexão da figura do Jesus Bom Pastor, para elevar preces a Deus pelos sacerdotes, chamados a serem pastores do povo de Deus segundo o coração de Jesus.
Mas, esta prece não se restringe aos padres. Toda vocação é um chamado a ser pastor conforme o Bom Pastor. Toda vocação traz em si um convite de Jesus para pastorear com Ele. A vocação Matrimonial, por exemplo, constitui um verdadeiro pastoreio, quando os pais educam seus filhos para Deus. Pais que entendem sua vocação, levam seus filhos a encontrarem abrigo no redil do Bom Pastor.
Embora entendamos isto, devemos ainda pensar sobre o que é essencialmente “Ser Pastor”. A passagem do evangelho que a liturgia nos propõe (Jo. 10, 11-18) nos dá características do Verdadeiro Pastor.
Vejamos, por exemplo, a figura do pastor que Jesus se refere. É um pastor de ovelhas. É diferente o método daquele que guia ovelhas, daquele que conduz gado bovino. Os que entendem um pouco das práticas rurais, o boiadeiro vai atrás dos bois, gritando, cercando. Usa do seu berrante e do seu chicote para levar o gado ao destino. O pastor ovino é diferente. Ele vai à frente das ovelhas, chama suavemente, até canta. Toca flauta, usa o cajado, não para bater, mas para proteger, dar rumo.
Assim vemos a primeira característica: O pastor de que Jesus nos fala, é o pastor que vai à frente conduzindo, mostrando o caminho. De maneira serena, delicada, porém corajosa e convicta do rumo que se deve tomar.
Podemos tomar outra comparação do mesmo evangelho: O pastor e o mercenário.
O mercenário pode ter superficialmente a mesma função do pastor. Também mostra o caminho para as ovelhas, vai à frente, fala suavemente, enfim... Mas, há algo que os distingue: O mercenário faz pelo lucro, é funcionário. Faz, não porque ama as ovelhas, mas quer a recompensa do seu trabalho. Por isto, quando aparece o lobo, não está afim de arriscar sua vida por algo que não é seu. O pastor, pelo contrário, cuida das suas ovelhas pois tem afeição por elas. O pastor as reconhece pelo nome, tem o carinho especial por cada uma, é capaz de ir atrás da que se perde e permanece para proteger do lobo, mesmo que isto lhe custe a vida.
Jesus nos dá a segunda característica do Bom Pastor: Ele é capaz de doar-se. A doação da própria vida pela ovelha é o marco entre o mercenário e o Pastor. Jesus é o Bom Pastor, capaz de entregar sua vida, na gratuidade, como ele mesmo diz ao fim do Evangelho: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo”. Asssim, nos ensina que o pastoreio baseia-se também na gratuidade.
Conduzir e Doar: Duas palavras que Jesus ensina aos que querem ser pastores como Ele. Saber conduzir as ovelhas que nos são confiadas, curar as feridas, doar nossa vida, pastorear na gratuidade, é missão para aqueles que souberam ser ovelha, deixaram ser conduzidos e curados pelo Bom Pastor e agora querem também realizar esta missão no mundo.
Matheus Barbosa
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